domingo, 23 de janeiro de 2011

O TEATRO

PALHAÇO BÊBADO (CHICO EDUARDO)

Em algum lugar existe um bar, e nele há uma mesa ocupada por uma única pessoa, ela busca a companhia de bebidas e conversa com seu copo de uísque, observando todos ao redor.
Tudo ali gira de uma forma mágica, como se vivesse em um mundo paralelo onde não há regras, não há problemas, não há inimigos, não há limites.
Ele se equilibra em suas pernas como se aprendesse a andar, sorri descaradamente para as damas ausentes e brinda aos motivos ébrios e fúteis.
Ele sonha com as impossibilidades e canta a música que toca ao fundo, como se fosse um artista em seu palco ele encarna o personagem e ignora os tolos que não compreendem o que se passa ali.
A mais bela encenação existente, um ser totalmente sem mascaras e sem fingimentos mostrando como todos gostariam de ser, feliz ele se equilibra em uma única perna e desafia a gravidade, cai e levanta, ri de si mesmo, e persiste a tentar novamente, nunca desistiu de nada e não será por um tombo que começará.
Ele valsa a música que só ele escuta, e quer que todos sejam seus amigos, sai abraçando a todos sem reservas, sem pudor, é uma pena que ele não possa se abraçar.
Ele se torna um homem rico cercado de amigos e paga a todos uma rodada, ele é solitário e vive em um teatro, onde o único que realmente vive é ele.