quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Prosopopéia Lunar



Nas ruas, nos bares, nas mentes, nos montes imagina-se a magia dominar:

(Ela) ─ Oh! Doce noite fria

─ Oh! Lua cristalina, que aviva meus instintos femininos, transformando-me em aprendiz.

(Lua) ─ Respire fundo, antes de iniciar a longa caminhada noite adentro, seres noturnos vão te infernizar, esqueça as aventuras meu boêmio.

(Ele) ─ Oh! Triste noite fria

─ Oh! Lua prateada que convoca lobos famintos enviando-os a minha amada.

(Lua) ─ Daqui de cima assisto a tudo, e manipulo as pobres almas, enfraquecidas, desamparadas, desiludidas e apaixonadas.

(Ela) ─ Oh! Noite iluminada

─ Oh! Lua tão bonita, guie os meus passos inocentes, proteja-me de todo inconsequente, seja parte de mim.

(Lua) ─ Minha pobre alma, já faço parte de ti, tão feminina, misteriosa, hipnotiza pra lhe servir, tão geniosa e complicada é a menina de fases.

(Ele) ─ Oh! Noite irritante

─ Oh! Lua atrevida,

A cada minuto que passa longe de minha amada, sinto menos a vida.

(Lua) ─ Vejo algo cativante, quase uma ressurreição, um casal de viajantes, se beijando lá no chão, vejo fogos de artifícios estourando entre as línguas. Vejo os lobos pelos bares e o reinicio de duas vidas.

Constatação

As pessoas são estranhas e agem de modo singular, cada qual se preocupa somente com seu bem estar, e o mundo que se exploda.


Essa singularidade me espanta, não quero seres iguais, nem diferentes, somente aprecio seres humanos.

─ Pena que eles estão em extinção.

terça-feira, 22 de março de 2011

SÓBRIO


Gustav Klimt "O Beijo"

E ela o atacou, o possuiu ali, no auge da sua embriaguez e gozou esquecendo-se dos princípios, entregou-se aos instintos e foi aquela mulher que ele sempre sonhou possuir.


Ronronou como uma gata, satisfeita após o ato, banhou-se e saiu sem olhar para trás, abandonando o objeto utilizado para seu prazer adormecido em meio a lençóis torcidos.

E ele atacado, foi possuído ali, no auge de sua alegria e gozou esquecendo-se dos carinhos, ganhou a briga contra os princípios e teve em seus braços uma mulher libertina.

Ressonou como um menino cansado e rolou na cama abandonado, e nos lençóis retorcidos adormeceu, sentindo o cheiro do amor.


domingo, 23 de janeiro de 2011

O TEATRO

PALHAÇO BÊBADO (CHICO EDUARDO)

Em algum lugar existe um bar, e nele há uma mesa ocupada por uma única pessoa, ela busca a companhia de bebidas e conversa com seu copo de uísque, observando todos ao redor.
Tudo ali gira de uma forma mágica, como se vivesse em um mundo paralelo onde não há regras, não há problemas, não há inimigos, não há limites.
Ele se equilibra em suas pernas como se aprendesse a andar, sorri descaradamente para as damas ausentes e brinda aos motivos ébrios e fúteis.
Ele sonha com as impossibilidades e canta a música que toca ao fundo, como se fosse um artista em seu palco ele encarna o personagem e ignora os tolos que não compreendem o que se passa ali.
A mais bela encenação existente, um ser totalmente sem mascaras e sem fingimentos mostrando como todos gostariam de ser, feliz ele se equilibra em uma única perna e desafia a gravidade, cai e levanta, ri de si mesmo, e persiste a tentar novamente, nunca desistiu de nada e não será por um tombo que começará.
Ele valsa a música que só ele escuta, e quer que todos sejam seus amigos, sai abraçando a todos sem reservas, sem pudor, é uma pena que ele não possa se abraçar.
Ele se torna um homem rico cercado de amigos e paga a todos uma rodada, ele é solitário e vive em um teatro, onde o único que realmente vive é ele.