terça-feira, 15 de setembro de 2009

REDUTO DE INSPIRAÇÃO


Foi com um desafio do amigo Antonio que nasceu o texto abaixo, um personagem masculino em meio a tantos femininos que aqui concentro.



Meu nome é João Luiz e tenho trinta e um anos, sempre gostei das noitadas e futilidades, vivi tão loucamente, tão intensamente e ainda assim faltou algo, havia um vazio infindável na minha vida. Adorei minha liberdade e a respirei tão profundamente que doeu no fundo da minha alma.


Em uma certa manhã, acordei para vida como todos os dias, mais havia algo especial, haviam várias perguntas, sentimentos estranhos, paralisei diante da minha dúvida, da minha falta de perspectiva, da procura pelo desconhecido. Parti naquela viajem não programada , buscando entender o nada, fui de encontro ao infinito e procurando o finito para alguns atos meus.


Sentado naquela praça conheci aquela que me mostrou o caminho da verdade, aquela deusa grega, a beleza personificada, madura e imaculada, tudo que sempre desejei.
Voltei a adolescência, e como um garoto bobo, flertei com olhar sorridente, fiquei receoso e no impulso da coragem a convidei para sair.


Ela pensou, declinou e por fim aceitou com aquele sorriso que me desarmou completamente, sugeri um bar, ela preferiu cinema, e há quanto tempo eu não entrava em um. Rosa foi tão meiga , tão doce, tão original, realmente única.
Com ela fiz coisas que nunca imaginei, nunca desejei, e que se tornaram os melhores momentos da minha vida. Nos amamos desde o primeiro olhar, fomos ao teatro, ao cinema, a piquenique e vivemos intensamente cada minuto que passamos juntos.
Certo dia em um vasto campo depois de provamos de delicias saborosas, ela sentou ao meu lado e declamou :


Sentada na grama,
escuto você respirar
meu corpo anseia por seu toque
imagino – te em mim, espero seu olhar
a dor da separação me consome
necessito, espero, clamo
esqueça por hoje o mundo
mergulhe em meus braços
e se eternize em meu sonhos
oh ! meu amado


Perguntei encantado como rosa conseguiu dizer coisas tão doces, palavras tão lindas, ela disse que era voz da alma, era tudo que desejava, sentia, era o amor, o fogo, a paixão. Os dias que passei com Rosa foram os melhores de minha vida, descobri que tudo que vivi antes foi vazio, foi sem graça, foi sem tesão. Depois de Rosa o vazio estava completo eu estava inteiro .
De repente tudo acabou, Rosa partiu sem dizer adeus, sem se despedir, somente deixou um bilhete no qual dizia :



Amado João


Não sou digna, nem poderia aceitar ser feliz
meu destino é sofrer e a ele estou resignada, não tente me entender,
a você peço somente que me esqueça
e que viva e aproveite a vida, seja feliz.


Eternamente sua,

Rosa.


Nunca esquecerei Rosa, ela me mostrou um novo mundo, me inspirou e sinto como se ela ainda estivesse comigo, dentro do meu coração, os motivos que a levaram para longe nunca poderei compreender, más ainda amo o que ela significa em minha vida.



À Rosa


Esperei por você toda minha vida
Idealizada nos parâmetros do amor
Forjada da alegria, desenvolvida pela amizade
Sustentada pela cumplicidade, alojou-se em mim
Sendo parte de meu coração


Presença constante de meus pensamentos
Alimento de minha emoção
Combustível de minha trajetória
Essência de minha alma
Minha doce Inspiração


Nem a mais suave pétala se compara a maciez de sua pele.
Oh! flor mais linda de meu jardim
Rosa imaculada e desejada
És a ilha em meio a tormenta do oceano
Meu oásis na aridez do deserto
Minha esperança e salvação

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A DOR DA ALMA


“ Algumas pessoas não conhecem a grandiosidade de sua existência, nunca entenderam como um pequeno ato pode mudar totalmente o destino e na maioria das vezes permanecem adormecidas."


A expectativa de um futuro desconhecido era inebriante, os gritos sufocados no funda da garganta e os pensamentos revoltos estavam cada vez mais escassos, mas a vontade de possuir o desconhecido ainda era imperial.
Aquela senhora nunca planejava nada, sem ideal de amanhã, vivia cada minuto na busca de algo que pudesse tornar sua pacata existência em uma emocionante aventura, tinha verdadeira repulsa a rotina e imaginava que exatamente por esse motivo a rotina insistia em se instalar em sua vida, tornando-a cada vez mais ansiosa e irritante.
Desejava ardentemente emoção, queria adrenalina nas veias, queria sentir o gosto do perigo, não tinha nada a perder, e as emoções que as aventuras idealizadas poderiam lhe proporcionar somariam experiências sinistras em sua bagagem, e assim sendo, ansiando pelo perigo se empenhava ao máximo em pensamentos e desejos avassaladores, para que houvessem mais sonhos ou melhor pesadelos tortuosos.


Esperava e nem ao menos imaginava o que queria, mas tinha a certeza de que algo a buscava, algo a procurava, a atraia como um imã, e ela abria os braços para esse magnetismo desconhecido na esperança de que fosse o fim da busca que nem mesmo ela compreendia, mas tinha a certeza de que quando encontrasse, conseguiria preencher o estranho vazio que sentia, saberia identificar a razão de sua inquietude e encontraria a cura para a misteriosa tormenta de sua alma.


Acordou abruptamente naquela madrugada com o rosto encharcado de suor, sua respiração ofegante não deixava dúvidas de outro terrível pesadelo, no qual se via envolta a neblina, em um túnel deserto e desconhecido, e na gelada escuridão viu-se perseguida por um estranho, uma figura sem rosto, que tentava a todo custo alcançá-la e quando finalmente atingia seu objetivo, tornando a indefesa senhora cativa de seus braços, ela acordava assustada.


O alivio que se seguia era notório, mas havia a consciência de que seus devaneios e utopias estavam em evidencia em seus sonhos noturnos e esse fato a perturbava.


A grande questão que até o momento não foi colocada é que essa mulher tinha um dom especial, algo que foge do real, ou seria esse seu dom fruto de sua imaginação, a questão é, ela conseguia manipular seus sonhos, de modo a conduzi-los a seu prazer, onde sempre se encontrava em situações de risco, onde sua vida sempre estava por um fio, e manipulava os sonhos com uma destreza espetacular.

Até aquela noite teve um êxito esplendido, porém de repente surgiu uma sinistra figura e passou a persegui-la, tudo fugiu de seu controle, e algo dizia que aquele era seu destino, brincou tanto com a sorte, que ela resolveu se vingar e foi perseguida em seu inconsciente por algo, um vazio que a consumia e não havia nada a fazer, ela temia dormir mas o encontro era inevitável.


Uma névoa cobria sua visão, caminhou vacilante buscando uma referência de onde estava, até que finalmente visualizou um ponto de luz e seguiu em sua direção, teve a certeza de que estava em um túnel e o tremor de seu corpo se intensificava a cada passo que dava em direção a luz, sabia que era mais um de seus sonhos mas não como voltar. 


Caminhou mais alguns metros até atingir um grande arco que parecia ser marco dos limites entre as trevas e a luz, e lá a dúvida e o medo a possuíram, deu um passo para atravessar a fronteira. Subitamente algo a puxou e no segundo seguinte ela acordava em sua cama, com um suspiro constatou que era um sonho, o mesmo que há tempos a consumia.


Na noite seguinte, houve uma surpresa, após tanto tempo vivendo um Déjà vu em sonhos, nem imaginava o que a esperava. Atravessou a fronteira aflita e determinada e não acordou em sua cama como de costume, entrou em uma sala totalmente iluminada, sentia-se suja em relação a energia que emanava daquele lugar.


Outra pessoa rompeu as barreiras da luz e invadiu a enigmática sala, era seu perseguidor, a figura das sombras que a inquietava, porém agora podia ver o rosto de seu algoz, estava cara a cara com a dura realidade de sua alma, o impacto da descoberta a petrificou por instantes, estava diante de si própria, um outro aspecto de sua alma que até aquele momento ignorava, a outra inquieta figura contorcia-se como se a dor oprimida fosse muito intensa.



Seus tremores voltaram diante daquela revelação, e meio que telepaticamente viu em sua mente as imagens que causavam tanta dor a sua desconhecida e desprezada alma, caiu aos prantos com a força das lembranças, e solidaria pela primeira vez em anos abraçou a si própria caída no chão, afagando os cabelos de sua outra parte e fundindo-se a ela no mesmo instante em que a luz da sala se apoderou de toda a escuridão do túnel e a mulher completa caminhou para luz.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

DENTRO DE TI

Deslize os dedos pelos meus braços e me abrace em um gesto de posse no qual eu ficarei abrigada no local mais caloroso e seguro, seu coração.

Como um tesouro a ser protegido, uma flor rara e única a ser regada com o néctar do amor, serei por ti amada.

Pois eu sou aquela que embriaga seus pensamentos, a que te pertence, a que vive intensamente.
Sou sua fortaleza, teu mar, teu céu, teu ar, a insanidade, e de tanto ser : transbordo desejo, e me coloco dentro de ti.

terça-feira, 16 de junho de 2009

SENHORA



Penso em seu olhar
Me perco em sonhos
E o teu sorriso é a linda nau
Que me conduzirá a um negro e infinito oceano
No qual quero me afogar quantas vezes for possível
E nálfraga sonhadora quero desbravar a ilha nunca antes habitada
Buscando vestígios e promessas, abrigo e paz
E sendo senhora da ilha, contempladora de um vasto oceano
Perdida em um mundo que pertence somente a nós
Sinto-me amor e me ofereço a ti.

sábado, 13 de junho de 2009

O SÍTIO



Eu me sentia com uma estranha sensação, uma vontade de mim, algo pedia uma auto-análise, para saber até onde exatamente eu me conhecia.


Nesta manhã fria e chuvosa vim para este sítio, este local raramente usado, pertence a um casal amigo e quando revelei minha vontade de passar um período reclusa, ofereceram-me o lugar que caiu como uma luva.


E agora, aqui neste ambiente afastado de toda adrenalina e rotina da civilização, sinto-me inquieta, o sítio de meus estimados amigos é um lugar bastante acolhedor, e com o passar das horas observo também o seu aspecto sombrio, sua decoração rústica, seus quadros com rostos desconhecidos, figuras com olhos inquiridores que despertam um certo pavor em mim.


Isto se agravava ao anoitecer, quando a pouca iluminação das velas dominam o ambiente nebuloso, os olhos daqueles quadros me fitavam, aumentando minha vontade de tira-los da parede e esconde-los enquanto durasse minha permanência ali, mas contive-me e comecei a degustar uma taça de vinho perdida em pensamentos desalinhados. De repente ouvi passos, assustei-me pois estava a quilômetros de distância da civilização, o que se sucedeu a seguir foi algo inexplicável.


Uma figura que eu nunca tinha visto antes, veio caminhando na minha direção, eu fiquei estarrecida pois havia trancado todas as portas e janelas. A minha visitante inesperada sentou-se na poltrona posicionada a minha frente e com um desdém impressionante me olhou.
Eu continuei paralisada, observando os traços irônicos que se formavam no rosto de minha visitante, ela tinha um olhar penetrante, era muita pálida e sem dúvida era uma visão assustadora.


Cogitei que fosse uma assombração, mas afastei esse pensamento, temendo ser real, abaixei a cabeça e olhei para minhas mãos tremulas e de imediato veio uma reação; 
— Não me reconheces? Afinal há tanto tempo assim não me vês? — Disse a figura irritada. Observei minha visitante novamente, tentando lembrar se já a conhecia.
Ela iniciou uma sonora gargalhada, levantando-se da poltrona e caminhando em minha direção, sua fisionomia modificava-se a cada passo, perplexa me vi diante de meu próprio reflexo, e descobri que eu era minha algoz.


— Pobre menina indefesa, sem vida, sem atitude, ou retorna a vida ou te arrasto para um poço de lamúria e dor, onde desfalecerás aos poucos.— ela dizia quase penetrando por mim, através de meus olhos encharcados de lágrimas.


Os quadros ganharam vida e repetiam tudo que a intrusa falava, como ecos sombrios, eu estava em panico, com toda aquela imagem inacreditável e surreal, caí, ouvindo somente os ecos do além.
Na manhã seguinte seguinte acordei no sofá, e preferi acreditar que tudo não passara de um pesadelo, porém não me atrevi a continuar no sítio, voltei correndo para os braços da civilização e para minha rotina ciente de que um encontro comigo mesma é algo tão assustador, o meu pior pesadelo.


A verdade neste caso é inaudível e me aterroriza, continuo aqui definhando esporadicamente, as vozes do além ainda me assombram, como se eu nunca tivesse saído do sítio e por minha vez, eu ainda me sinto lá.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

MÔNICA




Caminhava desgovernada pela rua deserta, não havia nenhum sinal de vida, mas algo guiava meus passos rumo a um destino desconhecido. Meu coração acelerava a cada passo, eu conseguia ouvir o ritmo frenético de suas batidas, a adrenalina corria em meu corpo, e ao meu redor o mundo estava completamente paralisado.
Na longa e fria madrugada sentia como se eu fosse a única pessoa viva na terra, e assim a ansiedade, o medo, a pressa e o pavor se apoderaram de mim, comecei a correr, e corria sem saber para onde, era guiada pelo vento, pela escuridão, pela lua.
Seguia em um caminho longo, que parecia não ter fim, cai de joelhos aos prantos, chorei como uma criança com medo, e não havia ninguém para me acolher, gritei e escutei somente um eco, eu respondendo os meus temores.
— Olá,
— Olá,
Levantei, respirei fundo e corri desenfreadamente, não conseguia ver mais nada, precipitei-me com uma inquietude, com uma voracidade, e de repente, o medo, o pavor, a agitação foram dando lugar a uma nova sensação. Algo inesperado, e os passos desgovernados haviam me levado a um lugar, e essa nova visão trouxe esperança e paz dissipando os medos e convidando a alegria a se apoderar de meu ser.
A visão era o nascer do sol, a luz, o dia, a esperança, percebi que a longa estrada negra havia terminado, e encontrei dentro de meu ser muita vida para seguir novos sonhos.
Aprendi que a vida segue seu rumo, e que o destino é uma caixinha de surpresas, enfim, fui guiada à luz, e tive a certeza de que a escuridão sempre tem seu fim.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

DEFINIÇÕES



És para mim como o pôr do sol, que a cada dia brilha mais intenso.
És como as estrelas, que nunca deixam de brilhar apesar de toda a distância, pois seu brilho se encontra no fundo do meu olhar.
És como a esperança que sempre aponta no coração dos necessitados de luz.

És inexplicável, indefinido e infinito em sua existência.
És um sentimento, o mais puro e verdadeiro.
E por mais que eu lhe ofereça a todos, sempre brotas ainda mais grandioso em meu coração.
És o amor.

O mais confuso dos confusos e totalmente indefinível,
A verdade universal é que és uma esfinge, que passamos a vida toda tentando descifrar, e assim somos devorados por sua grandiosidade, sem saber que sempre tivemos a resposta.
Amar, simplesmente amar sem tentar te entender.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

PASSEIO NO PARQUE



Eu vi uma menina, e sua beleza vinha da alegria de viver.
Vi uma moça, cheia de sonhos que renasciam a cada amanhecer.
Vi uma mulher e sua sabedoria cintilava em atos nobres e gentis.
Vi a fusão de todas, na alma feminina.
A criança cheia de sonhos, a bela mulher e a nobre e gentil moça.
E estático, encantado, contemplei aquela imagem.
Nascida para ser adorada com seus traços únicos femininos.





Uma jovem parecia chorar em uma tarde, enquanto eu passeava pelo parque, passei a observa-la e a me perguntar;
Quais segredos, dores, mágoas, aqueles tristes olhos guardavam?
A tristeza havia se apossado daquela criatura tão insignificante e ao mesmo tempo tão bela e sorridente. Observei que alguns sorrisos são esconderijos para mágoas e feridas de difícil cicatrização, a alma daquela pequena estava sangrando, tornando-a uma matéria morta e com uma enigmática vitalidade.
— O que ela teria percebido da realidade desse utópico mundo, onde as pessoas vivem de sonhos?
Estariam os seus estagnados?
Tentei ajudá-la, não consegui mover-me, vê-la em seu estado de agonia, naquela insanidade me fez chorar e aos prantos percebi o quanto o mundo é real, e a realidade é dolorosa.
E pasma percebi que aquela jovem, havia sugado minha essência, meu ser, e após uma fusão passamos a ser uma só pessoa, eu e aquela desconhecida uma só alma.
Na verdade sempre fomos unidas, só não enxergávamos a verdade, talvez você se encontre em um passeio no parque.

sábado, 4 de abril de 2009

SENDO MULHER



Sendo mulher,me encantei.
Atraiu-me com seu cheiro, seu olhar,
sorrindo instigantemente, me entreguei.


Aos seus braços, grandes monumentos
tornando-me cativa, sua escrava e acordei.
na grande noite escura, ressonei.


Logo percebi que no calor de braços desconhecidos,
imaginados e intocados, frutos da minha imaginação.
Libertei meus instintos femininos, sendo mulher.


E os instintos gritaram, descontrolados;
Fêmea libertina e ousada,louca e apaixonada pela vida, por viver.
fêmea desgovernada e enclausurada.


Onde a mulher dona de si, vive a te esconder?
Corriam por minhas veias, arrepiavam meus pêlos,
faziam-me suar, minha respiração tornou-se ligeira e ofegante.
Meus passos descompensados, nervos aflorados, instintos indomados
.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

OS LAÇOS



Ah! Os laços inquebráveis
Que foram forjados pelo sangue
União fraternal nascida no coração
E inundada de ternura por todos.


Laços que sempre agregam os amáveis
Criaturas necessitadas de extravasar seu amor, de ser irmãos
Agregam também a discórdia, os equívocos e a incompreensão.


Ah! Os laços amarráveis, as brigas infindáveis
A dor da saudade, a dor do orgulho corroem o coração
E a consciência que suplica pelo fim da desunião.


Ah! os domingos familiares
Esqueceram-se as brigas, reconciliação.
Um abraço apertado, suspiros aliviados.
O amor é a solução

domingo, 29 de março de 2009

POEMA E MELODIA



Me encantei com um trecho da biografia de Francis Hime, feita por Ruy Castro, na qual ele faz menção a grandes ícones da musica brasileira.


"Tom Jobim é um piano, Caymmi, um violão, Vinícius, uma caneta, Noel, um terno branco. Por analogia, Francis Hime é uma orquestra. E uma orquestra sinfônica. Não uma sinfônica convencional, apoiada exclusivamente nas cordas, madeiras e gravatas, mas uma formação enriquecida por metais de gafieira, cavaquinhos de chorões e tamborins de escola de samba."

( Ruy Castro)


Minha especial atenção foi a Vinícius de Moraes o poeta que escrevia com o coração, que sempre inovava e encantava. Ele foi o poetinha tomado pelos instintos que viveu a vida de um modo desregrado e intenso, foi dor, porém foi amado e foi amor.
Francis Hime, é a melodia em pessoa, a paixão e a dor transmitidas na musica.
O fato é que Vinícius e Francis juntos, originaram uma música única, com letra e melodia profundas, chamada “ A DOR A MAIS ”.
alguns amigos se referem a ela como “ A maior dor de cotovelo ” eu a tenho como uma obra prima , a livre alma poeta e a sinfonia.



A DOR A MAIS


Foi só muito amor
Muito amor, demais
Foi tanta paixão
Que o meu coração
Amor!
Nem soube amar mais...

Inventei a dor
E como ela nos doeu
Ah! que solidão
Buscar perdão
No corpo teu...

Tanto tempo faz
Tens um outro amor
Eu sei!
Mas nunca terás
A dor a mais
Como eu te dei
Porque a dor a mais
Só na paixão
Com que eu te amei...

sexta-feira, 27 de março de 2009

AMIZADE



QUERIDOS


Exibiram-me um sorriso e resgataram-me da hipócrita solidão.
Ofereceram-me suas mãos e mostraram-me seus mundos.
Compartilharam sua idéias, dividiram sonhos.
Ofertaram-me os ouvidos, falaram suas preocupações.
Foram meus irmãos e irmãs, como se caminhássemos juntos desde o fundamento.
Foram as pessoas com quem dividi minhas aventuras, minhas loucuras e meus momentos de dor.
São em quem confiei e ainda confio,
são também os que me feriram.
São os que me abraçaram quando precisei,
os que me chutaram quando vacilei,
os que perdoaram quando os neguei,
más no final são todos meus amigos.

LUNA



Magnifica em sua enigmática aparência,
grandiosa em seu apogeu.
És fiel ao seu amante sol,
pois mesmo estando tão longe,
insiste em exibir a luz representante da união abençoada pelo universo.
Sempre envolvente,
inicia-se tímida.
Aos poucos abre um sorriso cativante e sedutor,
depois se mostra em um leque,
chamando os cosmos para uma dança mística,
um tango astrológico, rodopiando pelo salão estrelado.
Ela finaliza sua apresentação vestindo-se de noiva,
um verdadeiro sol lunar, e em sua pureza,
parte para a lua de mel, desencadeando um lindo eclipse.

quarta-feira, 25 de março de 2009

MOMENTO RETROSPECTIVO


Voltando as origens, vou postar um poema antigo, feito em 2001, e enviado naquele mesmo ano ao concurso de poetas idealizado pelo Rotary Club de Vitória. Este poema foi um dos selecionados para fazer parte de uma coletânea chamada " Poetas da Esperança".

Eu sigo aquela conhecida filosofia de vida " Recordar é viver", por que só se pode entender o que você é e será, o que você fez e fará, se entender o que foi e fez.


SEGUNDOS

Segundos
Para te ouvir.
Segundos
Para te olhar.
Segundos
Para te amar.
Segundos
Para pensar.
Segundos
Para discutir.
Segundos
Para se despir.
Segundos
Para ir embora...
Segundos
Para te esquecer...
Segundos
Para chorar...
Adeus meu amor...
Segundos não são bastantes
Para quem tem a eternidade...
A eternidade para enfrentar.

AS ESTAÇÕES




Amar verdadeiramente traz um diferencial, traz uma inspiração para surpreender, para renovar, uma imaginação, que reaproxima o casal apaixonado das forças da terra, em todas as estações a atenção é primordial, fazendo e recebendo massagens com óleos aromatizados, diálogos face a face tendo o contato visual e sorrisos correspondidos.


Tudo conspira para a felicidade, e no verão cada dia, cada raio de sol, é promessa de momentos inesquecíveis à beira do mar, com a brisa batendo nos cabelos, as caricias, os longos beijos e um álbum de fotos abarrotado de lembranças.

No outono, as longas caminhadas no parque, as intermináveis e inesquecíveis tardes, as folhas caindo e uma sensação de eternidade, como se aquele momento fosse se estender junto à ventania.


No Inverno, o frio congelante, um cobertor, um livro, vinho tinto e agasalhos (não muito utilizados), afinal, a intenção é se aquecer com o calor humano, às vezes um filme clássico é bem vindo, e de preferencia bem antigo, é uma boa ideia deitar no tapete da sala e se deliciar com chocolates ao som de uma boa música.


E quando a primavera despontar; começaram a chegar flores para surpreender os corações apaixonados, serão margaridas ou rosas vermelhas, acompanhadas de um cartão perfumado, com uma caligrafia conhecida, contendo promessas de amor e convites inusitados.



O fato é que as estações e amor estão ligados, seja amor de verão, outono, inverno ou primavera, ame. Ah! Um pouco de romantismo faz bem, o que aconteceu com a humanidade? 

domingo, 22 de março de 2009

A AMPULHETA


Carlos deu-me um prazo, o qual eu não queria cumprir, foi meu momento de fraqueza, estava arrependida, meu corpo estremecia só de imaginar como tudo aquilo acabaria, ele estava raivoso, possesso, olhou-me com um ódio que nunca antes eu vi em seus olhos.
Eu o traí, traí meu grande amor com seu próprio irmão, Carlos foi viajar a trabalho em um final de semana e eu estava só em nossa casa, quando ouvi batidas na porta e atendi, tive uma surpresa que mudou o rumo da minha vida para sempre, era seu irmão Felipe, um homem bonito, um ano mais novo do que meu marido, Felipe sempre nos visitava, tinha verdadeira adoração pelo irmão, ambos se adoravam. Ele ficou hospedado em nossa casa, aguardando o regresso do irmão, a chegada de Carlos estava programada para domingo a tarde.
No sábado a noite, fazia muito frio e iniciava-se um temporal, conversávamos sobre coisas cotidianas, Felipe sempre foi um rapaz centrado e cavalheiro, ele perguntou-me se podia abrir o vinho que estava guardado, pois o frio estava incomodando-o, eu consenti e acabei acompanhando-o, o assunto estava muito agradável e acabamos perdendo a noção de tempo e copos. Comecei a sentir uma atração, algo que me puxava para a órbita de Felipe, quando acordei, já tínhamos consumado o ato sórdido, e para minha surpresa, meu amado marido, estava ali, petrificado, diante da cena que presenciava, eu não sabia como reagir, estava perplexa com minha atitude, as lágrimas correram involuntariamente. Felipe foi embora, enxotado, sem poder explicar o que aconteceu, se bem que em minha consciência, eu sabia que o que fizemos não tinha explicação.
Eu estava sozinha, enfrentando toda aquela situação, pedi perdão, chorei, implorei, Mss Carlos permaneceu inerte, sem me dirigir nenhuma palavra. Aquele silencio estava me corroendo por dentro, eu preferia que ele estivesse gritando, me batendo, pelo menos eu saberia sua reação. Anoiteceu, quando de repente, escutei o ranger da porta, meu marido entrou, com uma expressão indecifrável no olhar, engoli seco, o pavor tomou minha alma. Ele pôs uma ampulheta sobre a mesa, eu nunca tinha visto aquela ampulheta antes, mas permaneci em silêncio.
— Era para você — Ele disse;
— Era para significar o tempo, a nossa felicidade — Suspirou fundo.
—Cada grão significaria um dia de amor, e quando todos os grãos tivessem caídos, seria só virar a ampulheta, para renovar nossos dias de felicidade.
—Era para ser diferente — As lágrimas começaram as escorrer de seus olhos, então ele finalizou.
— Agora é seu prazo, Você tem até o ultimo grão para sair desta casa e de minha vida.
Ele saiu e eu não pude discutir; — Aqui meus caros eu volto ao inicio, onde comecei o relato de minha história.
Eu podia ficar e brigar, me fazer ser ouvida, afinal errar é humano. Mas eu preferi ir, quando os últimos grãos estavam caindo, eu saí pela porta, e na esperança de um dia ser perdoada, caminhei pelo quintal, e quando abri o portão, escutei.
Meu coração gelou, corri de volta, mas era tarde de mais.
Carlos cometeu suicídio, atirou em sua cabeça, eu comecei a gritar desesperada, próximo ao seu corpo havia uma carta e a ampulheta que na hora do desespero passaram despercebidas por mim. Depois de todo alvoroço, li seu conteúdo, Dizia;



Laura,



Minha vida, foste meu paraíso e cada minuto ao seu lado, foi uma eternidade. Nosso tempo acabou.


Sempre Seu,



Carlos.



Toda vez que olho para a ampulheta, meu corpo se arrepia, e ouço uma voz me chamando, como se o espírito de Carlos estivesse aprisionado nela, me chamando para mais uma hora de amor.

sábado, 21 de março de 2009

ILHA





És meu refúgio, meu bálsamo, porto onde atraco meu cansado navio, após longínquas viagens nas águas cristalinas no mar da imaginação.
Seu verde aviva em mim a certeza de que és um pedaço do paraíso, uma ilha abençoada, que esconde belezas infindáveis e o segredo da paixão.
Lugar encantador, onde oculto-me das tormentas do mundo e vou de encontro a vida em um singelo abraço.
Tens cravado em sua memória, a herança cultural e um passado glorioso que reflete seu futuro colossal.
És genuinamente única em sua pequena grandiosidade, e reflete em seu nome uma das qualidades e constante busca daqueles que em ti repousam.
Ah! minha pequena Vitória, sua beleza é fonte de inspiração, e seu chão me guia sob passos ávidos
em uma vida repleta de felicidade.

quarta-feira, 18 de março de 2009

SAUDADES



Quem nunca sentiu saudades de sua infância? Percebo o quanto nossas crianças estão perdendo, vivem presas em telas de computadores, aliciadas à uma realidade virtual e irreal, ou as de televisões, onde, quando não estão vidradas em jogos violentos, estão admirando figuras horrendas e maliciosas. Pergunto-me o que aconteceu com a peteca, as queimadas e o futebol ? Ou se preferir as peladas, onde toda a vizinhança se reunia, em um tipo de confraternização infantil disfarçada, o que aconteceu com os livros? que tanto atiçavam a fértil imaginação, e os finais de semana no sítio? Onde conheciam um novo mundo, cheio de aventuras e descobertas.
Parece trágico, mas existem crianças que nem sabem o que realmente é brincar, e adultos que não tiveram infância, lembro-me de tanta felicidade, tanto amor, a proteção familiar, que é sempre mais acentuada nesta fase de nossa existência, são os dias que ficam em nossa memória, e mesmo na velhice, deles lembraremos com ternura e saudades, Casimiro de Abreu descreveu com louvor inigualável a saudade que faz a infância e as memórias que carregamos, herança dos dias de nossa inocência.



MEUS OITO ANOS


Casimiro de Abreu


Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor !


Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar
O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !


Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã !


Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!



Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!
Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !




Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

segunda-feira, 16 de março de 2009

O DOM DE AMAR





A juventude é cheia de expectativas, sonhos, cheia de amor. — Ou será o contrário? O amor é cheio de sonhos, expectativas e juventude, isso explicaria o fato dele não ter idade, ele rejuvenesce, e é o senhor de seu tempo, se o amor é elixir da vida, algo que é tão especulado desde os áureos tempos. Por qual motivo muitas pessoas o ignoram? Simplesmente não amam por medo, amar é tão prazeroso, o amor é incondicional, e mesmo sem ser correspondido traz as saudosas borboletas estomacais, o mesmo tremor,a mesma passividade. O amor surge de mil maneiras, platônicas, surpresas, renegado, exagerado, mas surge e não há como fugir. Amar, simplesmente por amar e ser amor por todos os poros, ser sorrisos solitários e ávidos, esbanjar simpatia e benevolência, isso já é se recompensar pelo simples dom de amar.

Era o primeiro dia de aula, daquele que seria um ano angustiante, segundo ano do ensino médio, e a única coisa que se passava pela cabeça de Cristine era que, estava no momento de adquirir mais responsabilidades, a consciência de que sua realidade era outra, já não havia mais lugar para os namoricos com os rapazes, as aulas gazeadas, o mundinho paralelo, que ninguém de sua família conhecia, o mundinho onde a curiosidade da adolescência falava mais alto, lá ela bebeu todos os tipos de bebidas que podia experimentar, fumou cigarros e cada nova sensação experimentada, cada nova descoberta a fazia querer mais e mais, era como um bebê descobrindo um novo mundo. Uma hora, essas coisas tão banais, tão distantes passam a fazer parte de seu convívio, afinal ela já se encontrava no auge de seus 18 anos e já não era uma criança, e todos reconheciam isto, e foi ai que a ficha caiu, já não se contentava mais com aquilo, queria ir além de seus limites, algo para se orgulhar, e entrou de cabeça em seu objetivo naquele ano, para sua surpresa, o professor de matemática, que por sinal era um chato e velho rabugento, teve que se afastar de suas funções por motivos de saúde, e logo chegou um novo professor para substitui-lo.
O primeiro dia do novo professor tinha tudo para ser mais um dia parasita em sua vida, afinal em sua concepção todos os professores que abdicavam de seu tempo para lecionar aquela disciplina, seriam chatos, incrivelmente irritantes e como se não bastasse velhos. Então lá estava ela, sentada, preparando-se, gostava de desenhar nas bordas de seu caderno, desenhos sem nenhum nexo, as vezes eram flores, corações, coqueiros, outras eram desenhos indecifráveis, totalmente sem condição de identificação, acredito que essa mania seja um resquício de sua infância, dizem que sempre levamos a criança que fomos dentro de nós, e com Cris não seria diferente. De repente, abriu-se a porta, ela só escutava as vozes de suas colegas que falavam sobre os meninos do ultimo ano, e ela lá, concentrada em seu desenho embaraçoso, quando repentinamente se vira, e sente uma brisa bater em seu rosto, então enxerga ele deslizar em câmera lenta até a mesa de professor, que ficava bem a sua frente, ela olhava para seu novo professor de matemática, perplexa, imóvel, contemplando aquela figura, ele sentou-se, colocou sua mochila em cima da mesa e deu um belo sorriso e um longo suspiro, acredito que pensava que mais uma fase em sua vida se iniciava, aquele sorriso fez todos os órgãos de Cris gelarem, ela observou seus cabelos negros, seu rosto, e não acreditava, ele lindo, com uns vinte e sete anos, simpático, estonteante. A brisa que bateu em seu rosto, provavelmente foi o amor, ele se apresentou, seu nome Eduardo, parecia musica aos ouvidos de Cris escutar aquele nome.
Daquele dia em diante ela passou a amar a matemática e principalmente, quem a lecionava, e notou que não era a única que ficou totalmente fascinada pelo professor, a chegada dele causou um verdadeiro frenesi entre as meninas com os hormônios a flor da pele, más havia uma diferença, entre o interesse de suas colegas e o seu, ela descobriria mais tarde que o que sentia era amor, e o amor faz toda a diferença. Passou a agir como tal, sentava-se na cadeira mais próxima e puxava várias assuntos com seu professor, sempre que tinha a oportunidade se aproximava dele nos intervalos das aulas e logo tornaram-se amigos, ela lhe escutava, sempre atenciosa, sempre fiel, e ele falava sobre suas peripécias, sobre suas angústias, suas tristezas, certo dia ele confidenciou a Cris que estava apaixonado por uma garota e que estava pensando em namorar com ela, pois já tinha algo acontecendo entre os dois, e Cris, mesmo com o coração na mão, mas sempre sensata em seu amor, aconselhou-lhe a pedir a tal menina em namoro, para Cris o que importava era a felicidade de Eduardo. O tal namoro não chegou a acontecer e algum tempo depois o seu amado professor se afastou da escola por motivos inexplicáveis, o amor foi torturado no peito de Cris, judiado, e Cris ficou na expectativa, falava para si mesma :
— Como seria? 
— Será que teria uma chance? 

Cris manteve seu caminho, terminou todo seu processo estudantil, começou a trabalhar, e partiu para a faculdade, mas nunca esqueceu seu amado Eduardo, já havia dois anos que que não via e nem ouvia falar de Eduardo, mas o amor ainda a consumia, e a dominava, e certo dia Cris teve uma grande surpresa, encontrou o seu amado Eduardo em uma rua, na qual caminhava sem rumo, foi como um chamado do destino, eles estavam ligados, predestinados e por mais que houvesse distância, algo atraía um ao outro, trocaram um grande abraço e prometeram manter contato, ao vê-lo ali, ela teve a certeza de que nem a distância, nem o tempo apagou o que havia brotado em seu coração, pois somente o amor a realizava, um sentimento sem fronteiras e ela se orgulhava de possuir um sentimento tão nobre em seu coração.
Desde o encontro ao acaso, cumpriram o prometido e nunca mais perderam contato, falavam-se todos os dias, Cris revelou seu amor, sem desejar nada em troca e ele disse que também sentia algo especial por ela, não tão forte, mas verdadeiro, ela se contentou apenas com isso, acreditando que o amor se constrói com o tempo, como o dela que foi alimentado mesmo a distância, pois para ela a maior recompensa é ama-lo, uma auto afirmação de seu dom.

domingo, 15 de março de 2009

SOMBRIO


O amor veio descompensado, abafado no meio de uma forte ventania,
guiou o meu coração até o teu calmo mar de águas cristalinas,
fechei meus olhos para a razão e me entreguei a ti em uma completa loucura.
Me joguei no abismo da paixão e enxerguei no breu a sua luz,
me prendi a ti tremendo como uma criança medrosa, e caminhei confiante em ti.
Já não via nada, teu brilho me ofuscou a visão, escutava somente os ecos do mundo estava completamente sem ar, e na minha fissura, me deixaste.
Me abandonaste aqui neste fundo abismo da paixão.
E desde então vivo a procura de uma nova luz, o mundo me ignora e já não há mais ecos, a cegueira me incentiva a tatear na busca de uma saída, o medo se foi e encontrei em mim a força para sobreviver e ser uma esfinge devoradora de almas, a senhora absoluta e dominadora da minha escuridão.

NÓS


Cada parte de nosso corpo é um continente a ser explorado
nossos olhos são como oceanos, as vezes são águas claras, azuis e cristalinas
e outras, águas negras, misteriosas, oceanos prontos a conduzi-los ao paraíso ou a pior das tormentas.
Oceanos que derramam lágrimas, rios que escorrem pelo nosso rosto sereno e desembocam na funda cratera sedutora, fonte de frases doces, com lábios que são caminhos de perdição.
Nossas partes mais avantajadas são os grandes monumentos da humanidade, porém há de se ressaltar que estes monumentos em sua maioria não são tombados como patrimônio público.
E como se não bastasse ainda temos a astúcia e sabedoria, beleza e perspicácia, em resumo: Somos a obra divina.

quinta-feira, 12 de março de 2009

SONHO DE VERÃO


Será que há como explicar o que senti, quando te vi?
Senti meu coração pular, acelerar, quase explodir,
E o meu corpo estremeceu, quando eu olhei para você,
E a minha vida se perdeu, e nada mais era meu.
Eu só pensava em você, tudo o que eu tinha era seu,
E cada passo dado meu, era em função de te querer,
O amor gritou no coração, e o meu sorriso se abriu,
E eu dancei uma canção, como uma doce juvenil.

E eu chorei de emoção, quando você enfim sorriu,
E eu perdi toda razão, e meu amor todo se abriu,

Eu te abracei na minha paixão, foi um momento todo meu.
Quase morri de emoção, quando um beijo te dei,
E depois disso acordei, de um louco sonho de verão,
E o amor adormeceu na minha ingênua paixão.

terça-feira, 10 de março de 2009

CORAÇÃO VAZIO


As marcas do passado deixaram em seu coração um imenso vazio, e gravados em sua pele lembranças dos tempos de felicidade, de um amor estrangulado, assassinado, acidentado. Seu semblante não esconde a realidade de seu coração, um coração vazio, sem vida, sem esperança, o destino tripudiou de sua existência, ele jurou não mais sentir amor por nenhuma outra mulher, as lágrimas rolaram em seu rosto monumental, nenhuma seria tão digna de seu amor, como aquela defunta havia sido.
Aos pés de sua tumba, ele chorava, haviam cinco anos que ele se encontrava naquela lastimável situação, naquele luto interminável, cinco ano de dor, sombras e angústias, sua vida era um nada desde então, apenas vegetava em sua existência, sem sonhos, sem ambições, caiu no tenebroso abismo das lamentações.
Tentou se reaproximar do mundo, iniciou com uma ligeira respiração e ainda sem esperanças foi, somente por ir, sem nenhuma aspiração e deu novamente o primeiro passo para a eterna caminhada, rumo ao pôr-do-sol, sonhou sem querer acordar, riu sem querer mostrar os dentes, retribuiu um olhar sem pestanejar, sentiu sem querer amar, se libertou das trevas e enxergou que a densa tempestade havia se dissipado.
Imaginou o inimaginável e conquistou um coração inconquistável, transformando-o dependente da batida do seu em uma sintonia única e em sua pacifica rotina atravessou a rua rumo ao horizonte acenando para o novo amor, e no súbito vacilo de um louco desenfreado, partiu de encontro ao antigo, e da sacada restou apenas um coração vazio.

domingo, 1 de março de 2009

O MUNDO É UM MOINHO



Sem nenhuma inspiração, com tédio, estava eu ali, parada, inerte até que uma amiga muito estimada veio me falar de um texto, uma letra de música (Para ser mais exata). Sua descrição em relação ao autor foi o que mais me chamou a atenção; — Faz parte dos devaneios tolos de um louco.
Cada um tem modo de expressar suas opiniões e esse paradoxo de minha amiga foi o que me levou a ler o texto novamente, e tanto gostei, que o coloco aqui, para quem interessar ler. O texto me lembra Dom Quixote de La Mancha e seu fiel amigo e companheiro Sancho Pança, Dom Quixote em sua loucura enfrentando os gigantes, que eram na verdade moinhos. Desde que nascemos enfrentamos o mundo, um outro gigante na visão de Agenor de Oliveira, somos loucos? Talvez eu releia a obra de Miguel de Cervantes , com outros olhos.
O texto é
“O mundo é um moinho” e o autor Agenor de oliveira, mais conhecido como Cartola.


O MUNDO É UM MOINHO

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que iras tomar
Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões à pó
Preste atenção querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

LETÍCIA


Luz da minha vida
Estonteante alegria e paz
Traga a sua brisa em um beijo
Insana euforia sinto no seu abraço
Cachos dourados, olhos meus, sorriso cativante
Inunda-me com sua vivacidade
Amor meu, minha filha, Letícia

OLHAR NO ESPELHO



Olhar no espelho


Estava certa de que seria diferente, foi cheia de certeza, encarou-se no espelho e ouviu novamente seu coração acelerar, como se fosse pular de seu peito.
Sua imagem refletida causava espanto, um rosto fino, uma beleza cálida, olhos fundos de quem já não dorme e neles um mistério, um medo, uma chama, encarando-se disse: — Covarde!
E depois como um sinal de desespero começou a gargalhar, a rir de sua insanidade, parou abruptamente e gritou irada com a própria imagem: — Louca! Tome coragem.
Pegou a lamina e cortou os pulsos, rindo ensandecida, como se comemorasse, como se finalmente conseguisse o que queria.
Caiu em seus delírios e neles permaneceu, ali no chão do banheiro ensanguentado.
Morgana afirmava para si: — Não sou covarde!
Há dez anos ela tentava aquilo, más nunca antes daquele dia, havia ido além de um olhar no espelho.

DEIXE-ME





Me ame, me deseje, me respeite,
Pense somente em mim, durma somente comigo,
Me escute, seja fiel,seja meu amigo, meu namorado, meu amante,
Seja meu chão, meu céu, meu tudo, seja meu herói,meu príncipe,
E quando achar que é demais o que sente, ou simplesmente o que não sente,
Não me ame, não me deseje, não me respeite,
Pense nela, durma com ela,
Não me escute, seja infiel, seja meu inimigo, meu falso namorado, meu ausente amante,
Seja meu abismo, meu buraco negro, meu nada,
seja meu vilão, meu sapo,
E quando achar que é demais.
Deixe-me

LUZ

Brincando com as palavras, formando versos, alguns sem sentindo algum, outros com tanto, depende do ponto de vista do leitor. Assim surgiu Penha, pensando em um bairro - O Bairro da Penha.


PENHA

Vejo o morro iluminado
Contemplo o bairro da Penha
Como retrato imaginado
Que aquela criança desenha.

Criança sonha em perder as asas
São as únicas que não querem voar...
Querem ir para escola, futuro ganhar
Querem correr e chegar em casa.

Sinto o morro agitado
E os seus artista teatrais
Com suas luzes, seu cenário.

São tantas vidas, desencontros
Tantos poemas e tantos sonhos
Acabou-se tudo em um estrondo.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

MIRAGEM



Desejo algo que imagino
algo que não existe
desejo uma miragem desejo o impossível
Desejo proibido,árduo, latente
Desejo
Somente para ter o que desejar
Porém um desejo fugaz
Almeja-se, conquista-se e o desejo se vai
Como uma gota de água exposta ao vigoroso sol
Não!
Não era desejo, era ilusão
entendo agora, por que desejo uma miragem pois só uma ilusão pode desejar outra ilusão.



REFLEXÃO:

A ilusão está presente no nossa dia a dia, quem nunca desejou o que não pode ter, o que é proibido, ou simplesmente algo possível, más idealizado de uma tal forma que torna-se irreal, ou até mesmo surreal.
Os olhos se fecham e perdemos um sentido importante, por que só vemos o que queremos ver, e a realidade, a tão procurada verdade fica trancafiada atrás de uma cortina, de uma névoa.
O desejo deve ser saudável, desejar algo que lhe traga esperança e não dor, deve ser compassivo, verdadeiro e possível, sem idealizações: sejam objetos ou pessoas. Nunca imagine algo que não viu como funciona e alguém que não sabe como é, criar expectativas acerca de como será, não leva ninguém ao futuro imaginado, deve-se viver, observar e aprender com o passado.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

LIBERDADE


Encontrarás um motivo para sonhar?
Aqueles sonhos dispersos,
os mais loucos e desvairados
lunáticos e alienados.
fugir? e ir simplesmente,
julgaram que não eras digno
uma coisa inconsequente.
Loucuras e devaneios
apagou-se a luz da razão
busque uma janela imprudente
respire adrenalina e ouça novamente.
Ouvir? Que ainda há esperança,
que a cura existe para tudo,
seus sonhos são possíveis,

mesmo no abismo profundo.
Que a sutil sabedoria se mostra
quando todos sábios se tornam tolos
e o tolo um sábio,
enfim a liberdade nos diz:
-Viva hoje melhor do que ontem e pior do que amanhã
e faça isso a sua maneira,
os sonhos são seus, a loucura é sua,
a vida é sua, a consciência é sua,
a liberdade.
"viva a loucura, pois ainda não encontramos motivos para sermos normais"

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

INVERNO


Passa o inverno,
E o frio ainda congela...
Já não faz sol nem calor,
Desde que você se foi...
Meu coração se parte a cada segundo que a morte me rouba...
Gotas de sangue enfeitam o quarto enquanto a vida ainda me é uma esmola...
Eu me pergunto: Onde está você agora?
Escuto o silêncio me gritar bem alto: Em nenhum lugar...
Eu tento fingir,

Eu tento me enganar,
Mas a sua ida para o mundo dos mortos ainda me faz chorar...
ELIAS LIMA

PERIPÉCIAS.

Em uma conversa informal com um amigo muito querido, onde tripudiávamos das ironias da vida, surgiu como mágica para nosso deleite, o texto abaixo; resultado do trabalho em conjunto de duas mentes mirabolantes e deveras surreais.



Vida...


(ELIAS LIMA E POLIANA )


Jovens...

Não pensam dessa forma
Se desiludem
E logo se tornam pessimistas
São frágeis e estúpidos demais
Sonham mas não acreditam
Esperam mas não correm atrás
Faz tudo ao contrario e reclamam da vida
E quando se cansam de reclamar
Faz tudo certo demais
Correm atrás, mas não esperam
Acreditam e já não sonham
Continuam estúpidos, porém fortes
E logo se tornam esperançosos
Quebram a cara sempre
Pensam mais sobre tudo
Velhos....




BANDOLINS

Bandolins(Oswaldo Montenegro)

Como fosse um par que
Nessa valsa triste
Se desenvolvesse
Ao som dos Bandolins...
E como não?
E por que não dizer
Que o mundo respirava mais
Se ela apertava assim...
Seu colo como
Se não fosse um tempo
Em que já fosse impróprio
Se dançar assim
Ela teimou e enfrentou
O mundo
Se rodopiando ao som
Dos bandolins...
Como fosse um lar
Seu corpo a valsa triste
Iluminava e a noite
Caminhava assim
E como um par
O vento e a madrugada
Iluminavam a fada
Do meu botequim...
Valsando como valsa
Uma criança
Que entra na roda
A noite tá no fim
Ela valsando
Só na madrugada
Se julgando amada
Ao som dos
Bandolins...

domingo, 15 de fevereiro de 2009

O INICIO



Em uma tarde em que o tédio predominava e nada que eu fazia parecia por fim neste martírio, surgiu a idéia de por meus pensamentos mirabolantes aqui, para que todos pudessem acessá-los, comentá-los e criticá-los também.


Começarei falando dos sentimentos, estes que estão presentes em todas as ações , são os grandes precursores das grandes decisões tomadas que influenciaram acontecimentos e o rumo da humanidade. E por que não o amor?
O primeiro sempre, aquele que não inveja, que é supremo. Dizem que a moda anda em círculos e eu acredito que a tendencia das pessoas à relacionamentos também seja assim. Antigamente os casamentos eram “arranjados” pelas famílias do futuro casal, e ambas baseavam-se no poder aquisitivo da outra e de toda a estrutura oferecida, raramente os sentimento e desejos dos maiores interessados seriam levados em questão.
Com a modernidade e mudanças na cultura da sociedade, as pessoas conquistaram a liberdade de escolha, de definir com quem ficar e por que ficar, a principio foram motivados por sentimentos, afinal;
Por que casar-me com João, se amo José? E não importa o que minha família pensa disso, ficarei com José.
Más como já disse, a moda anda em círculos, e sendo assim, o que motiva agora as pessoas? Não é difícil adivinhar que a maioria das pessoas baseiam-se no $, na estabilidade econômica, luxo, conforto e um mundo cheio de deslumbramento e isso a curto prazo vale para ambas as partes, de um lado o dinheiro de outro um rosto bonito para exibir em festas e para satisfação sexual. Claro que com o tempo vem a sabedoria e com ela milhares de divórcios. Sábio era a pessoa que escreveu um texto do qual extrai a seguinte frase: “Case-se com alguém que gosta de conversar. Quando envelhecer, a habilidade no conversar será mais importante do que qualquer outra coisa”Claro que vale lembrar que não estou generalizando, pois no mundo da moda existem pessoas de estilo próprio, que não andam de acordo com as estações, e assim também no mundo dos relacionamentos existem pessoas que buscam o sentimento e que seguem a risca o conselho da frase citada acima, casam-se por que amam, por que sentem necessidade da presença da pessoa amada, de ouvir a voz, de sentir o contato, de dizer verdadeiramente e de todo coração eu te amo.
Esperamos ansiosos pela próxima tendencia da moda dos relacionamentos, onde quem sabe o amor reine acima de qualquer outro desejo e interesse infame.