terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

OLHAR NO ESPELHO



Olhar no espelho


Estava certa de que seria diferente, foi cheia de certeza, encarou-se no espelho e ouviu novamente seu coração acelerar, como se fosse pular de seu peito.
Sua imagem refletida causava espanto, um rosto fino, uma beleza cálida, olhos fundos de quem já não dorme e neles um mistério, um medo, uma chama, encarando-se disse: — Covarde!
E depois como um sinal de desespero começou a gargalhar, a rir de sua insanidade, parou abruptamente e gritou irada com a própria imagem: — Louca! Tome coragem.
Pegou a lamina e cortou os pulsos, rindo ensandecida, como se comemorasse, como se finalmente conseguisse o que queria.
Caiu em seus delírios e neles permaneceu, ali no chão do banheiro ensanguentado.
Morgana afirmava para si: — Não sou covarde!
Há dez anos ela tentava aquilo, más nunca antes daquele dia, havia ido além de um olhar no espelho.

Um comentário:

  1. No teu conto abordas bem o tema do suicídio, que a moça vinha planejando sem sucesso, até esse dia fatal. Parabéns.

    Quero convidar-te para ler um poema meu, no siste Ver-O-poema, intitulado "Ventania":

    http://www.veropoema.net/interna.php?page=5&action=show&id=1103

    Abraços.
    Pedro.

    ResponderExcluir