Caminhava desgovernada pela rua deserta, não havia nenhum sinal de vida, mas algo guiava meus passos rumo a um destino desconhecido. Meu coração acelerava a cada passo, eu conseguia ouvir o ritmo frenético de suas batidas, a adrenalina corria em meu corpo, e ao meu redor o mundo estava completamente paralisado.
Na longa e fria madrugada sentia como se eu fosse a única pessoa viva na terra, e assim a ansiedade, o medo, a pressa e o pavor se apoderaram de mim, comecei a correr, e corria sem saber para onde, era guiada pelo vento, pela escuridão, pela lua.
Seguia em um caminho longo, que parecia não ter fim, cai de joelhos aos prantos, chorei como uma criança com medo, e não havia ninguém para me acolher, gritei e escutei somente um eco, eu respondendo os meus temores.
— Olá,
— Olá,
Levantei, respirei fundo e corri desenfreadamente, não conseguia ver mais nada, precipitei-me com uma inquietude, com uma voracidade, e de repente, o medo, o pavor, a agitação foram dando lugar a uma nova sensação. Algo inesperado, e os passos desgovernados haviam me levado a um lugar, e essa nova visão trouxe esperança e paz dissipando os medos e convidando a alegria a se apoderar de meu ser.
A visão era o nascer do sol, a luz, o dia, a esperança, percebi que a longa estrada negra havia terminado, e encontrei dentro de meu ser muita vida para seguir novos sonhos.
Aprendi que a vida segue seu rumo, e que o destino é uma caixinha de surpresas, enfim, fui guiada à luz, e tive a certeza de que a escuridão sempre tem seu fim.