domingo, 29 de março de 2009

POEMA E MELODIA



Me encantei com um trecho da biografia de Francis Hime, feita por Ruy Castro, na qual ele faz menção a grandes ícones da musica brasileira.


"Tom Jobim é um piano, Caymmi, um violão, Vinícius, uma caneta, Noel, um terno branco. Por analogia, Francis Hime é uma orquestra. E uma orquestra sinfônica. Não uma sinfônica convencional, apoiada exclusivamente nas cordas, madeiras e gravatas, mas uma formação enriquecida por metais de gafieira, cavaquinhos de chorões e tamborins de escola de samba."

( Ruy Castro)


Minha especial atenção foi a Vinícius de Moraes o poeta que escrevia com o coração, que sempre inovava e encantava. Ele foi o poetinha tomado pelos instintos que viveu a vida de um modo desregrado e intenso, foi dor, porém foi amado e foi amor.
Francis Hime, é a melodia em pessoa, a paixão e a dor transmitidas na musica.
O fato é que Vinícius e Francis juntos, originaram uma música única, com letra e melodia profundas, chamada “ A DOR A MAIS ”.
alguns amigos se referem a ela como “ A maior dor de cotovelo ” eu a tenho como uma obra prima , a livre alma poeta e a sinfonia.



A DOR A MAIS


Foi só muito amor
Muito amor, demais
Foi tanta paixão
Que o meu coração
Amor!
Nem soube amar mais...

Inventei a dor
E como ela nos doeu
Ah! que solidão
Buscar perdão
No corpo teu...

Tanto tempo faz
Tens um outro amor
Eu sei!
Mas nunca terás
A dor a mais
Como eu te dei
Porque a dor a mais
Só na paixão
Com que eu te amei...

sexta-feira, 27 de março de 2009

AMIZADE



QUERIDOS


Exibiram-me um sorriso e resgataram-me da hipócrita solidão.
Ofereceram-me suas mãos e mostraram-me seus mundos.
Compartilharam sua idéias, dividiram sonhos.
Ofertaram-me os ouvidos, falaram suas preocupações.
Foram meus irmãos e irmãs, como se caminhássemos juntos desde o fundamento.
Foram as pessoas com quem dividi minhas aventuras, minhas loucuras e meus momentos de dor.
São em quem confiei e ainda confio,
são também os que me feriram.
São os que me abraçaram quando precisei,
os que me chutaram quando vacilei,
os que perdoaram quando os neguei,
más no final são todos meus amigos.

LUNA



Magnifica em sua enigmática aparência,
grandiosa em seu apogeu.
És fiel ao seu amante sol,
pois mesmo estando tão longe,
insiste em exibir a luz representante da união abençoada pelo universo.
Sempre envolvente,
inicia-se tímida.
Aos poucos abre um sorriso cativante e sedutor,
depois se mostra em um leque,
chamando os cosmos para uma dança mística,
um tango astrológico, rodopiando pelo salão estrelado.
Ela finaliza sua apresentação vestindo-se de noiva,
um verdadeiro sol lunar, e em sua pureza,
parte para a lua de mel, desencadeando um lindo eclipse.

quarta-feira, 25 de março de 2009

MOMENTO RETROSPECTIVO


Voltando as origens, vou postar um poema antigo, feito em 2001, e enviado naquele mesmo ano ao concurso de poetas idealizado pelo Rotary Club de Vitória. Este poema foi um dos selecionados para fazer parte de uma coletânea chamada " Poetas da Esperança".

Eu sigo aquela conhecida filosofia de vida " Recordar é viver", por que só se pode entender o que você é e será, o que você fez e fará, se entender o que foi e fez.


SEGUNDOS

Segundos
Para te ouvir.
Segundos
Para te olhar.
Segundos
Para te amar.
Segundos
Para pensar.
Segundos
Para discutir.
Segundos
Para se despir.
Segundos
Para ir embora...
Segundos
Para te esquecer...
Segundos
Para chorar...
Adeus meu amor...
Segundos não são bastantes
Para quem tem a eternidade...
A eternidade para enfrentar.

AS ESTAÇÕES




Amar verdadeiramente traz um diferencial, traz uma inspiração para surpreender, para renovar, uma imaginação, que reaproxima o casal apaixonado das forças da terra, em todas as estações a atenção é primordial, fazendo e recebendo massagens com óleos aromatizados, diálogos face a face tendo o contato visual e sorrisos correspondidos.


Tudo conspira para a felicidade, e no verão cada dia, cada raio de sol, é promessa de momentos inesquecíveis à beira do mar, com a brisa batendo nos cabelos, as caricias, os longos beijos e um álbum de fotos abarrotado de lembranças.

No outono, as longas caminhadas no parque, as intermináveis e inesquecíveis tardes, as folhas caindo e uma sensação de eternidade, como se aquele momento fosse se estender junto à ventania.


No Inverno, o frio congelante, um cobertor, um livro, vinho tinto e agasalhos (não muito utilizados), afinal, a intenção é se aquecer com o calor humano, às vezes um filme clássico é bem vindo, e de preferencia bem antigo, é uma boa ideia deitar no tapete da sala e se deliciar com chocolates ao som de uma boa música.


E quando a primavera despontar; começaram a chegar flores para surpreender os corações apaixonados, serão margaridas ou rosas vermelhas, acompanhadas de um cartão perfumado, com uma caligrafia conhecida, contendo promessas de amor e convites inusitados.



O fato é que as estações e amor estão ligados, seja amor de verão, outono, inverno ou primavera, ame. Ah! Um pouco de romantismo faz bem, o que aconteceu com a humanidade? 

domingo, 22 de março de 2009

A AMPULHETA


Carlos deu-me um prazo, o qual eu não queria cumprir, foi meu momento de fraqueza, estava arrependida, meu corpo estremecia só de imaginar como tudo aquilo acabaria, ele estava raivoso, possesso, olhou-me com um ódio que nunca antes eu vi em seus olhos.
Eu o traí, traí meu grande amor com seu próprio irmão, Carlos foi viajar a trabalho em um final de semana e eu estava só em nossa casa, quando ouvi batidas na porta e atendi, tive uma surpresa que mudou o rumo da minha vida para sempre, era seu irmão Felipe, um homem bonito, um ano mais novo do que meu marido, Felipe sempre nos visitava, tinha verdadeira adoração pelo irmão, ambos se adoravam. Ele ficou hospedado em nossa casa, aguardando o regresso do irmão, a chegada de Carlos estava programada para domingo a tarde.
No sábado a noite, fazia muito frio e iniciava-se um temporal, conversávamos sobre coisas cotidianas, Felipe sempre foi um rapaz centrado e cavalheiro, ele perguntou-me se podia abrir o vinho que estava guardado, pois o frio estava incomodando-o, eu consenti e acabei acompanhando-o, o assunto estava muito agradável e acabamos perdendo a noção de tempo e copos. Comecei a sentir uma atração, algo que me puxava para a órbita de Felipe, quando acordei, já tínhamos consumado o ato sórdido, e para minha surpresa, meu amado marido, estava ali, petrificado, diante da cena que presenciava, eu não sabia como reagir, estava perplexa com minha atitude, as lágrimas correram involuntariamente. Felipe foi embora, enxotado, sem poder explicar o que aconteceu, se bem que em minha consciência, eu sabia que o que fizemos não tinha explicação.
Eu estava sozinha, enfrentando toda aquela situação, pedi perdão, chorei, implorei, Mss Carlos permaneceu inerte, sem me dirigir nenhuma palavra. Aquele silencio estava me corroendo por dentro, eu preferia que ele estivesse gritando, me batendo, pelo menos eu saberia sua reação. Anoiteceu, quando de repente, escutei o ranger da porta, meu marido entrou, com uma expressão indecifrável no olhar, engoli seco, o pavor tomou minha alma. Ele pôs uma ampulheta sobre a mesa, eu nunca tinha visto aquela ampulheta antes, mas permaneci em silêncio.
— Era para você — Ele disse;
— Era para significar o tempo, a nossa felicidade — Suspirou fundo.
—Cada grão significaria um dia de amor, e quando todos os grãos tivessem caídos, seria só virar a ampulheta, para renovar nossos dias de felicidade.
—Era para ser diferente — As lágrimas começaram as escorrer de seus olhos, então ele finalizou.
— Agora é seu prazo, Você tem até o ultimo grão para sair desta casa e de minha vida.
Ele saiu e eu não pude discutir; — Aqui meus caros eu volto ao inicio, onde comecei o relato de minha história.
Eu podia ficar e brigar, me fazer ser ouvida, afinal errar é humano. Mas eu preferi ir, quando os últimos grãos estavam caindo, eu saí pela porta, e na esperança de um dia ser perdoada, caminhei pelo quintal, e quando abri o portão, escutei.
Meu coração gelou, corri de volta, mas era tarde de mais.
Carlos cometeu suicídio, atirou em sua cabeça, eu comecei a gritar desesperada, próximo ao seu corpo havia uma carta e a ampulheta que na hora do desespero passaram despercebidas por mim. Depois de todo alvoroço, li seu conteúdo, Dizia;



Laura,



Minha vida, foste meu paraíso e cada minuto ao seu lado, foi uma eternidade. Nosso tempo acabou.


Sempre Seu,



Carlos.



Toda vez que olho para a ampulheta, meu corpo se arrepia, e ouço uma voz me chamando, como se o espírito de Carlos estivesse aprisionado nela, me chamando para mais uma hora de amor.

sábado, 21 de março de 2009

ILHA





És meu refúgio, meu bálsamo, porto onde atraco meu cansado navio, após longínquas viagens nas águas cristalinas no mar da imaginação.
Seu verde aviva em mim a certeza de que és um pedaço do paraíso, uma ilha abençoada, que esconde belezas infindáveis e o segredo da paixão.
Lugar encantador, onde oculto-me das tormentas do mundo e vou de encontro a vida em um singelo abraço.
Tens cravado em sua memória, a herança cultural e um passado glorioso que reflete seu futuro colossal.
És genuinamente única em sua pequena grandiosidade, e reflete em seu nome uma das qualidades e constante busca daqueles que em ti repousam.
Ah! minha pequena Vitória, sua beleza é fonte de inspiração, e seu chão me guia sob passos ávidos
em uma vida repleta de felicidade.

quarta-feira, 18 de março de 2009

SAUDADES



Quem nunca sentiu saudades de sua infância? Percebo o quanto nossas crianças estão perdendo, vivem presas em telas de computadores, aliciadas à uma realidade virtual e irreal, ou as de televisões, onde, quando não estão vidradas em jogos violentos, estão admirando figuras horrendas e maliciosas. Pergunto-me o que aconteceu com a peteca, as queimadas e o futebol ? Ou se preferir as peladas, onde toda a vizinhança se reunia, em um tipo de confraternização infantil disfarçada, o que aconteceu com os livros? que tanto atiçavam a fértil imaginação, e os finais de semana no sítio? Onde conheciam um novo mundo, cheio de aventuras e descobertas.
Parece trágico, mas existem crianças que nem sabem o que realmente é brincar, e adultos que não tiveram infância, lembro-me de tanta felicidade, tanto amor, a proteção familiar, que é sempre mais acentuada nesta fase de nossa existência, são os dias que ficam em nossa memória, e mesmo na velhice, deles lembraremos com ternura e saudades, Casimiro de Abreu descreveu com louvor inigualável a saudade que faz a infância e as memórias que carregamos, herança dos dias de nossa inocência.



MEUS OITO ANOS


Casimiro de Abreu


Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais

Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais.

Como são belos os dias
Do despontar da existência
Respira a alma inocência,
Como perfume a flor;
O mar é lago sereno,
O céu um manto azulado,
O mundo um sonho dourado,
A vida um hino de amor !


Que auroras, que sol, que vida
Que noites de melodia,
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar
O céu bordado de estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar !


Oh dias de minha infância,
Oh meu céu de primavera !
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã
Em vez das mágoas de agora,
Eu tinha nessas delicias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha, irmã !


Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
Pés descalços, braços nus,
Correndo pelas campinas
A roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!



Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas
Brincava beira do mar!
Rezava as Ave Marias,
Achava o céu sempre lindo
Adormecia sorrindo
E despertava a cantar !




Oh que saudades que tenho
Da aurora da minha vida
Da, minha infância querida
Que os anos não trazem mais
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras,
A sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!

segunda-feira, 16 de março de 2009

O DOM DE AMAR





A juventude é cheia de expectativas, sonhos, cheia de amor. — Ou será o contrário? O amor é cheio de sonhos, expectativas e juventude, isso explicaria o fato dele não ter idade, ele rejuvenesce, e é o senhor de seu tempo, se o amor é elixir da vida, algo que é tão especulado desde os áureos tempos. Por qual motivo muitas pessoas o ignoram? Simplesmente não amam por medo, amar é tão prazeroso, o amor é incondicional, e mesmo sem ser correspondido traz as saudosas borboletas estomacais, o mesmo tremor,a mesma passividade. O amor surge de mil maneiras, platônicas, surpresas, renegado, exagerado, mas surge e não há como fugir. Amar, simplesmente por amar e ser amor por todos os poros, ser sorrisos solitários e ávidos, esbanjar simpatia e benevolência, isso já é se recompensar pelo simples dom de amar.

Era o primeiro dia de aula, daquele que seria um ano angustiante, segundo ano do ensino médio, e a única coisa que se passava pela cabeça de Cristine era que, estava no momento de adquirir mais responsabilidades, a consciência de que sua realidade era outra, já não havia mais lugar para os namoricos com os rapazes, as aulas gazeadas, o mundinho paralelo, que ninguém de sua família conhecia, o mundinho onde a curiosidade da adolescência falava mais alto, lá ela bebeu todos os tipos de bebidas que podia experimentar, fumou cigarros e cada nova sensação experimentada, cada nova descoberta a fazia querer mais e mais, era como um bebê descobrindo um novo mundo. Uma hora, essas coisas tão banais, tão distantes passam a fazer parte de seu convívio, afinal ela já se encontrava no auge de seus 18 anos e já não era uma criança, e todos reconheciam isto, e foi ai que a ficha caiu, já não se contentava mais com aquilo, queria ir além de seus limites, algo para se orgulhar, e entrou de cabeça em seu objetivo naquele ano, para sua surpresa, o professor de matemática, que por sinal era um chato e velho rabugento, teve que se afastar de suas funções por motivos de saúde, e logo chegou um novo professor para substitui-lo.
O primeiro dia do novo professor tinha tudo para ser mais um dia parasita em sua vida, afinal em sua concepção todos os professores que abdicavam de seu tempo para lecionar aquela disciplina, seriam chatos, incrivelmente irritantes e como se não bastasse velhos. Então lá estava ela, sentada, preparando-se, gostava de desenhar nas bordas de seu caderno, desenhos sem nenhum nexo, as vezes eram flores, corações, coqueiros, outras eram desenhos indecifráveis, totalmente sem condição de identificação, acredito que essa mania seja um resquício de sua infância, dizem que sempre levamos a criança que fomos dentro de nós, e com Cris não seria diferente. De repente, abriu-se a porta, ela só escutava as vozes de suas colegas que falavam sobre os meninos do ultimo ano, e ela lá, concentrada em seu desenho embaraçoso, quando repentinamente se vira, e sente uma brisa bater em seu rosto, então enxerga ele deslizar em câmera lenta até a mesa de professor, que ficava bem a sua frente, ela olhava para seu novo professor de matemática, perplexa, imóvel, contemplando aquela figura, ele sentou-se, colocou sua mochila em cima da mesa e deu um belo sorriso e um longo suspiro, acredito que pensava que mais uma fase em sua vida se iniciava, aquele sorriso fez todos os órgãos de Cris gelarem, ela observou seus cabelos negros, seu rosto, e não acreditava, ele lindo, com uns vinte e sete anos, simpático, estonteante. A brisa que bateu em seu rosto, provavelmente foi o amor, ele se apresentou, seu nome Eduardo, parecia musica aos ouvidos de Cris escutar aquele nome.
Daquele dia em diante ela passou a amar a matemática e principalmente, quem a lecionava, e notou que não era a única que ficou totalmente fascinada pelo professor, a chegada dele causou um verdadeiro frenesi entre as meninas com os hormônios a flor da pele, más havia uma diferença, entre o interesse de suas colegas e o seu, ela descobriria mais tarde que o que sentia era amor, e o amor faz toda a diferença. Passou a agir como tal, sentava-se na cadeira mais próxima e puxava várias assuntos com seu professor, sempre que tinha a oportunidade se aproximava dele nos intervalos das aulas e logo tornaram-se amigos, ela lhe escutava, sempre atenciosa, sempre fiel, e ele falava sobre suas peripécias, sobre suas angústias, suas tristezas, certo dia ele confidenciou a Cris que estava apaixonado por uma garota e que estava pensando em namorar com ela, pois já tinha algo acontecendo entre os dois, e Cris, mesmo com o coração na mão, mas sempre sensata em seu amor, aconselhou-lhe a pedir a tal menina em namoro, para Cris o que importava era a felicidade de Eduardo. O tal namoro não chegou a acontecer e algum tempo depois o seu amado professor se afastou da escola por motivos inexplicáveis, o amor foi torturado no peito de Cris, judiado, e Cris ficou na expectativa, falava para si mesma :
— Como seria? 
— Será que teria uma chance? 

Cris manteve seu caminho, terminou todo seu processo estudantil, começou a trabalhar, e partiu para a faculdade, mas nunca esqueceu seu amado Eduardo, já havia dois anos que que não via e nem ouvia falar de Eduardo, mas o amor ainda a consumia, e a dominava, e certo dia Cris teve uma grande surpresa, encontrou o seu amado Eduardo em uma rua, na qual caminhava sem rumo, foi como um chamado do destino, eles estavam ligados, predestinados e por mais que houvesse distância, algo atraía um ao outro, trocaram um grande abraço e prometeram manter contato, ao vê-lo ali, ela teve a certeza de que nem a distância, nem o tempo apagou o que havia brotado em seu coração, pois somente o amor a realizava, um sentimento sem fronteiras e ela se orgulhava de possuir um sentimento tão nobre em seu coração.
Desde o encontro ao acaso, cumpriram o prometido e nunca mais perderam contato, falavam-se todos os dias, Cris revelou seu amor, sem desejar nada em troca e ele disse que também sentia algo especial por ela, não tão forte, mas verdadeiro, ela se contentou apenas com isso, acreditando que o amor se constrói com o tempo, como o dela que foi alimentado mesmo a distância, pois para ela a maior recompensa é ama-lo, uma auto afirmação de seu dom.

domingo, 15 de março de 2009

SOMBRIO


O amor veio descompensado, abafado no meio de uma forte ventania,
guiou o meu coração até o teu calmo mar de águas cristalinas,
fechei meus olhos para a razão e me entreguei a ti em uma completa loucura.
Me joguei no abismo da paixão e enxerguei no breu a sua luz,
me prendi a ti tremendo como uma criança medrosa, e caminhei confiante em ti.
Já não via nada, teu brilho me ofuscou a visão, escutava somente os ecos do mundo estava completamente sem ar, e na minha fissura, me deixaste.
Me abandonaste aqui neste fundo abismo da paixão.
E desde então vivo a procura de uma nova luz, o mundo me ignora e já não há mais ecos, a cegueira me incentiva a tatear na busca de uma saída, o medo se foi e encontrei em mim a força para sobreviver e ser uma esfinge devoradora de almas, a senhora absoluta e dominadora da minha escuridão.

NÓS


Cada parte de nosso corpo é um continente a ser explorado
nossos olhos são como oceanos, as vezes são águas claras, azuis e cristalinas
e outras, águas negras, misteriosas, oceanos prontos a conduzi-los ao paraíso ou a pior das tormentas.
Oceanos que derramam lágrimas, rios que escorrem pelo nosso rosto sereno e desembocam na funda cratera sedutora, fonte de frases doces, com lábios que são caminhos de perdição.
Nossas partes mais avantajadas são os grandes monumentos da humanidade, porém há de se ressaltar que estes monumentos em sua maioria não são tombados como patrimônio público.
E como se não bastasse ainda temos a astúcia e sabedoria, beleza e perspicácia, em resumo: Somos a obra divina.

quinta-feira, 12 de março de 2009

SONHO DE VERÃO


Será que há como explicar o que senti, quando te vi?
Senti meu coração pular, acelerar, quase explodir,
E o meu corpo estremeceu, quando eu olhei para você,
E a minha vida se perdeu, e nada mais era meu.
Eu só pensava em você, tudo o que eu tinha era seu,
E cada passo dado meu, era em função de te querer,
O amor gritou no coração, e o meu sorriso se abriu,
E eu dancei uma canção, como uma doce juvenil.

E eu chorei de emoção, quando você enfim sorriu,
E eu perdi toda razão, e meu amor todo se abriu,

Eu te abracei na minha paixão, foi um momento todo meu.
Quase morri de emoção, quando um beijo te dei,
E depois disso acordei, de um louco sonho de verão,
E o amor adormeceu na minha ingênua paixão.

terça-feira, 10 de março de 2009

CORAÇÃO VAZIO


As marcas do passado deixaram em seu coração um imenso vazio, e gravados em sua pele lembranças dos tempos de felicidade, de um amor estrangulado, assassinado, acidentado. Seu semblante não esconde a realidade de seu coração, um coração vazio, sem vida, sem esperança, o destino tripudiou de sua existência, ele jurou não mais sentir amor por nenhuma outra mulher, as lágrimas rolaram em seu rosto monumental, nenhuma seria tão digna de seu amor, como aquela defunta havia sido.
Aos pés de sua tumba, ele chorava, haviam cinco anos que ele se encontrava naquela lastimável situação, naquele luto interminável, cinco ano de dor, sombras e angústias, sua vida era um nada desde então, apenas vegetava em sua existência, sem sonhos, sem ambições, caiu no tenebroso abismo das lamentações.
Tentou se reaproximar do mundo, iniciou com uma ligeira respiração e ainda sem esperanças foi, somente por ir, sem nenhuma aspiração e deu novamente o primeiro passo para a eterna caminhada, rumo ao pôr-do-sol, sonhou sem querer acordar, riu sem querer mostrar os dentes, retribuiu um olhar sem pestanejar, sentiu sem querer amar, se libertou das trevas e enxergou que a densa tempestade havia se dissipado.
Imaginou o inimaginável e conquistou um coração inconquistável, transformando-o dependente da batida do seu em uma sintonia única e em sua pacifica rotina atravessou a rua rumo ao horizonte acenando para o novo amor, e no súbito vacilo de um louco desenfreado, partiu de encontro ao antigo, e da sacada restou apenas um coração vazio.

domingo, 1 de março de 2009

O MUNDO É UM MOINHO



Sem nenhuma inspiração, com tédio, estava eu ali, parada, inerte até que uma amiga muito estimada veio me falar de um texto, uma letra de música (Para ser mais exata). Sua descrição em relação ao autor foi o que mais me chamou a atenção; — Faz parte dos devaneios tolos de um louco.
Cada um tem modo de expressar suas opiniões e esse paradoxo de minha amiga foi o que me levou a ler o texto novamente, e tanto gostei, que o coloco aqui, para quem interessar ler. O texto me lembra Dom Quixote de La Mancha e seu fiel amigo e companheiro Sancho Pança, Dom Quixote em sua loucura enfrentando os gigantes, que eram na verdade moinhos. Desde que nascemos enfrentamos o mundo, um outro gigante na visão de Agenor de Oliveira, somos loucos? Talvez eu releia a obra de Miguel de Cervantes , com outros olhos.
O texto é
“O mundo é um moinho” e o autor Agenor de oliveira, mais conhecido como Cartola.


O MUNDO É UM MOINHO

Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que iras tomar
Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és
Ouça-me bem amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões à pó
Preste atenção querida
Em cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavastes com teus pés